terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Gato Malhado e Andorinha Sinhá



"Curto foi o tempo do Verão para o Gato e a Andorinha. Encheram-no com passeios vagabundos, com longas conversas à sombra das árvores, com sorrisos, com palavras murmuradas, com olhares tímidos porém expressivos, com alguns arrufos também...
(...)
Um dia - dia em que a aula de canto se prolongara para além do tempo costumeiro - quando os bigodes do Gato estavam tão murchos que tocavam o solo, ela lhe pediu explicação daquela tristeza. O Gato Malhado respondeu:
- Se eu não fosse um gato, te pediria para casares comigo...
A Andorinha ficou calada, num silêncio de noite profunda. Surpresa? - não creio, ela já adivinhara o que se passava no coração do Gato. Zanga? - não creio tampouco, aquelas palavras foram gratas ao seu coração. Mas tinha medo. Ele era um gato e os gatos são inimigos irreconciliáveis das andorinhas."

in O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
, Jorge Amado

Já me tinha esquecido da beleza deste texto e deste livro. Hoje li-o (o texto) com uma das minhas turmas de 8º ano. Pareceu-me que eles gostaram e que ficaram sensíveis à história. Talvez quando tiverem a minha idade voltem a olhar para este texto de outro jeito. A mim... a mim diz-me muito.

1 comentário:

Sandra Silva disse...

Traz-me harmonia e encanto...

Boa escolha para os miúdos :)

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