Já há alguns tempos que não escrevo algo que não passe de umas poucas linhas... Ontem, estava a pensar num assunto debatido cá em casa sobre o qual me apeteceu partilhar aqui.
Desde de que me lembro que a paróquia de Urgezes tem um hábito que me apraz bastante. Todos os jovens que fazem a Comunhão Solene levavam vestida a mesma roupa. Um hábito pérola (parecido com o usado pelos irmãos de Taizé) como se de monges se tratassem. Não é o aspecto carnavalesco que isto pode ter que me agrada mas o combate a algo que em aldeias (porque Urgezes em algumas coisas ainda é uma aldeia) é bastante visível: a competição rico/pobre. E não há que o ser, há que parecer.
Lembro-me perfeitamente da minha Comunhão Solene e de como me sentia bem ao usar aquele hábito, e a razão era simples: éramos todos iguais. Estávamos ali para o mesmo, e não tínhamos os pais a gastar o que não tinham em vestidos e roupas vistosas. Parecíamos todos filhos do mesmo Deus.
Este ano a coisa vai mudar. A freguesia mudou de pároco e tem mudado constantemente de hábitos. Os miúdos deixarão de usar este hábito na Comunhão Solene. No próximo Domingo já se verá em Urgezes aquilo que já se vê em tantas freguesias por esse país fora: ostentação. E irrita-me ver isto na Igreja. Se a ideia deveria ser aquela de que Jesus Cristo viveu em simplicidade e, por isso, de uma forma simbólica e preocupada com aqueles que menos têm, nestes dias usamos um roupa simples, a ideia passará a ser a que eu vejo em outros lados. Quem conseguir vestir o filho da melhor maneira que o faça, para todas as beatas dizerem: "Que giro que está o filho do fulano!".
Muita gente da minha freguesia criticava o anterior pároco, mas numa coisa ele foi um exemplo: não permitiu nunca que a Igreja fosse um local onde os miúdos se sentiam mais ou menos que os outros. E isso é de louvar.